Recebi uma pergunta, através do
formulário que disponibilizo no meu site para esse propósito, de uma internauta de São José dos Campos (SP). Eis aqui a questão:
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O site é
bem organizado e muito esclarecedor para quem sofre de enxaqueca. Sofro
deste mal, há muitos anos. Vi que o leite é um dos alimentos que é
recomendado evitar, mas os seus derivados como o iogurte não. Por quê? Tudo que estava no leite está no iogurte,
principalmente o caseiro. Entrei na menopausa (e a enxaqueca continua),
mas não faço nenhum tipo de reposição hormonal, e acho o leite
importante p/ evitar a osteoporose, sendo a fonte com grande quantidade
de cálcio. É um dilema: tomar ou não tomar leite para evitar a
enxaqueca.Esta pergunta é muito importante, e é com muita alegria que recebo esta oportunidade de tocar no assunto leite
versus iogurte.
O
leite, em seu estado original (ou seja, recém-saído de uma vaquinha
saudável, criada solta e não em confinamento, que não recebe hormônios e
se alimenta não de ração mas sim de pasto – sem agrotóxicos – em suma,
uma vaquinha feliz!), é um alimento muito saudável, denso em nutrientes
importantíssimos, que nutriu nossos antepassados das mais variadas
partes do planeta, em toda a sua jornada ao longo da História.
Com o
adensamento das cidades e a Revolução Industrial, a criação das vacas
deixou de ser atributo de indivíduos que valorizavam os animais,
passando a pessoas pagas para tal função, não necessariamente fazendo
isso por vocação ou amor. As vacas se transformaram, de companheiras do
homem, em fábricas de leite. O leite era ordenhado por pessoas
mal-pagas, sem nenhuma noção de higiene. As vacas foram transferidas do
campo para lotes de confinamento, e alimentadas com grãos cereais e uma
série de alimentos inapropriados.
As epidemias, nessa época, foram
uma conseqüência natural. Tuberculose, brucelose, cólera e tantas
outras, ceifaram muitas vidas.
De repente, os cientistas da segunda
metade do Século 19 descobriram os micróbios. Concluiu-se, com razão,
que eram eles os responsáveis pelas doenças que causavam epidemias. Em
seguida, descobriu-se que a fervura matava os micróbios. Nasce a
pasteurização.
Dentro desse contexto de falta absoluta de higiene,
infecções, doenças, epidemias e alta mortalidade no Século 19, a
pasteurização mudou drasticamente o cenário. Bastava submeter o leite
sujo e contaminado a uma alta temperatura… e matavam-se os micróbios!
Cuidados
de higiene nos estábulos, na ordenha, nos funcionários, no
armazenamento do leite? Para que?? A pasteurização mata tudo!
De fato, mata. Inclusive o próprio leite.
O
que, naquela época, não se sabia, é que existem componentes do leite
cuja estrutura química sofre modificações com a pasteurização. E essas
modificações tornam tais componentes prejudiciais à nossa saúde,
facilitando inclusive o surgimento de reações inflamatórias de toda
espécie. E onde há inflamação, há dor.
O mais sensato, face à
potencial contaminação por micróbios nocivos, seria tirar o leite de
vacas saudáveis, que se nutrem de capim e pasto (alimentos que a
natureza lhes reservou para se manterem saudáveis); e comercializar esse
leite como um produto altamente perecível. Isso é impossível numa
mentalidade industrial cujo principal objetivo é o lucro, não a saúde.
Afinal, o leite
de verdade (não pasteurizado, portanto
cru) pode facilmente azedar ou coalhar – e como explicar isso para o consumidor?
A
propósito, leite cru azedo ou coalhado é tão ou mais saudável que a
versão original. Essa transformação (na verdade, em uma forma de
iogurte)
é levada a cabo pelas bactérias benéficas que habitam o leite
(lactobacilos vivos). Essas mesmas bactérias fazem um bem imenso ao
nosso organismo e protegem o leite cru de contaminações por micróbios
nocivos. Os lactobacilos, habitantes naturais do leite, morrem todos com
a pasteurização, tornando-o vulnerável à contaminação pelo primeiro
micróbio nocivo que aparecer. Esse sim é um produto perigoso!
Se a
estrutura química do leite é modificada pela pasteurização a ponto de se
tornar estranha ao nosso sistema imunológico, a transformação desse
leite – mesmo pasteurizado – em iogurte, modifica novamente a estrutura
molecular do leite de modo a neutralizar o potencial malefício.
Por isso, minha dica desta semana é: substitua o leite pelo iogurte em sua vida.
Cuide apenas para que o
iogurte seja integral e não desnatado. Quanto menos processamento, melhor.
Lembre-se
que não estou me referindo aos iogurtes que já vêm com sabor de frutas,
repletos de corantes, conservantes e outras substâncias químicas.
Prefira o