O acordo entre Governo e troika ponto por ponto
As propostas no acordo entre Governo e troika, anunciado genericamente, terça-feira, pelo primeiro-ministro, centram-se na contenção de custos e revisão dos impostos. Conheça as medidas que vão permitir um ajustamento de 3,4% do PIB na despesa e 1,7% na receita até 2013. É a receita para o país poder receber do FMI/BCE/CE um empréstimo de 78 mil milhões de euros
Despesa
As principais medidas de contenção referem-se ao congelamento dos
salários e das pensões até 2013, com exceção das pensões mais
reduzidas, para além da introdução de um imposto nas pensões acima de
1.500 euros.
A troika pretende reduzir o número de pessoal na administração
central em 1% por ano, recorrendo para isso à regra de 2 por 1
reforçada já iniciada pelo Governo (uma entrada por duas saídas),
aplicando ainda uma racionalização da administração pública a nível
regional e local, de modo a permitir reduzir o número de trabalhadores
em 2% por ano.
A estas, juntar-se-ão maiores limites nas transferências para os
governos regionais e locais, outras entidades públicas e empresas do
Estado.
As poupanças na segurança social serão realizadas ainda através de
um reforço da fiscalização e de novos métodos de avaliação, de modo a
produzir poupanças enquanto protege os mais necessitados.
Na educação, será aplicada uma "racionalização" do currículo escolar
e a criação de centros escolares de forma a reduzir os custos para o
Estado.
Relativamente ao investimento do Estado, o acordo estabelece que
fica suspensa a implementação de todas as novas PPP e dos grandes
projetos de infraestruturas até ser realizada uma "análise rigorosa"
sobre a sua exequibilidade.
Nas empresas públicas, para além da implementação efetiva dos cortes
nos custos operacionais em 15% face aos valores de 2009, já previstos,
a 'troika' pretende reduzir os benefícios variáveis (como o cartão de
crédito, por exemplo) em pelo menos 5% por ano até 2014 e alinhar as
práticas salariais com a função pública.
Receita
Do lado da receita, o ajustamento, o memorando estabelece que os
aumentos do IVA, IRS e IRC já em vigor mantêm-se até 2013, mas será
realizado uma revisão das listas de bens e produtos sujeitos à taxa
reduzida e intermédia.
O IMI sofrerá um aumento para compensar uma redução do IMT, aumentando no entanto os impostos específicos sobre os veículos (ISV) e tabaco.
A 'troika' irá ainda introduzir um valor global de limite que os
contribuintes poderão deduzir em despesas de saúde, educação e
prestação da casa, variando consoante o escalão de rendimento.
Os benefícios e incentivos fiscais serão congelados, estando ainda
previsto que algumas deles desapareçam, sendo que no caso das empresas
serão eliminadas várias isenções, será imposto um limite à dedução de
perdas.
O Estado português vai acelerar os prazos para vender o BPN,
sem um preço mínimo, esperando encontrar um comprador até ao final de
julho, indica o memorando de entendimento entre o Governo e a
'troika'.
Na saúde, as taxas moderadoras deverão ainda sofrer aumentos e eliminadas isenções, sendo também aqui protegidas as pessoas com menores rendimentos.
Os trabalhadores independentes vão passar a receber subsídio de desemprego, e havera novas restrições ao aumento do salário mínimo.
As empresas portuguesas vão passar a pagar menos taxa social única,
de acordo com o memorando de entendimento sobre políticas fiscais e
políticas que Portugal assinou com a troika' em troca do resgate
financeiro.
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